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19th março 2023 2
Geral, Antropologia, Exibições

As coleções vivas do Brasil, de Helinä Rautavaara

As coleções vivas do Brasil, de Helinä Rautavaara
19th março 2023 2
Geral, Antropologia, Exibições

Por Kristina Tohmo.

O Museu Helinä Rautavaara recebeu seu nome em homenagem à fundadora, investigadora e jornalista Helinä Rautavaara (1928-1998). Rautavaara, mestre em psicologia e aluna de estudos comparativos de religiões na Universidade de Helsinque, dedicou sua vida a viajar pelo mundo e a documentar o patrimônio cultural vivo principalmente da África, América Latina, Médio Oriente e Sul da Ásia.

As viagens de Rautavaara acrescentaram objetos culturais, fotografias, filmes super-8 e gravações de áudio e vídeos às suas sempre crescentes coleções. Na Finlândia, tornou-se conhecida pelo seu conhecimento pessoal da América do Sul, do Caribe e da África. As suas coleções, compostas de arte, artigos rituais e objetos cotidianos, contêm mais de 3 mil artefatos diferentes, com ênfase especial nos objetos africanos e brasileiros do século XX. A coleção relativa à vida pessoal de Helinä Rautavaara inclui também objetos e peças de design da Europa.

Durante os seus últimos anos, recebeu muita publicidade para o seu projeto de museu. A propriedade Rautavaara foi patrocinada e um museu dirigido por profissionais foi estabelecido em Tapiola, Espoo, em 1998.

As viagens de Rautavaara na América Latina: material brasileiro das décadas de 1960 e 1970

Era 1958 quando Helinä Rautavaara recebeu uma bolsa ASLA-Fulbright para estudos de pós-graduação em Psicologia em Ann Arbor, Michigan. Após um ano de estudos, começou a pedalar longas distâncias nos Estados Unidos e, em 1959, decidiu fazer uma viagem de bicicleta pelo México e América Central até à América do Sul. Em 1963 Rautavaara chegou ao Brasil.

Durante esta primeira viagem ao Brasil, de fevereiro de 1963 a abril de 1964, Rautavaara visitou o Rio de Janeiro, Salvador, Cachoeira e Recife. Foi cativada pelos rituais do candomblé e umbanda e pela arte marcial da capoeira. Começou a recolher dados sobre as religiões afro-brasileiras para a sua tese de doutoramento, para analisá-las do ponto de vista da psicologia do desenvolvimento. Infelizmente, a dissertação nunca foi concluída.

Em seu segundo período no Brasil, em São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Manaus, de dezembro de 1970 a março de 1971, Rautavaara foi financiada por uma bolsa de estudo para estudar religião comparada. Aprofundou os seus conhecimentos gravando no local explicações de rituais e filmando várias iniciações com a sua nova câmera super-8. Conseguiu acesso a lugares onde os não iniciados normalmente não eram permitidos. O estudo das religiões afro-brasileiras também despertou o seu interesse pela África.
Helinä Rautavaara com Mestre Waldemar em Salvador, Bahia, Brasil, 1971.
Foto: Arquivo fotográfico do Museu Helinä Rautavaara
Licenciada sob CC BY-NC-SA 4.0 
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/
Helinä Rautavaara com Mestre Waldemar em Salvador, Bahia, Brasil, 1971. Foto: Arquivo fotográfico do Museu Helinä Rautavaara Licenciada sob CC BY-NC-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/
O material das duas viagens de Rautavaara ao Brasil é extenso. As coleções de material fotográfico original do Museu Helinä Rautavaara incluem aproximadamente 400 negativos em preto e branco, dos anos sessenta, e mais de 5 mil diapositivos a cores, dos anos sessenta e setenta. As coleções incluem também aproximadamente 17 horas de película de tela estreita, dos anos 70, e 70 peças de gravações em fita magnética, tanto dos anos 60 como dos anos 70. Há também muita documentação escrita, desenhos de observação de Rautavaara e outros materiais em papel. Esta grande variação de materiais e formatos lança desafios, porém faz com que seja altamente interessante e rico em conteúdo. (Hirvonen-Nurmi & Jansson, 2012)

Alguns conteúdos do nosso Arquivo:

  • As viagens de Rautavaara listadas
  • Material de campo das duas viagens:

1. viagem: 2/1963-4/1964, Rio, Salvador da Bahia, Cachoeira, Recife

Fotografias: negativos em preto e branco (digitalizados)
Slides (digitalizados)
Áudios (parcialmente digitalizados)

2. viagem: 12/1969-3/1971, Rio, São Paulo, Salvador, Recife

Fotografias: slides coloridos (parcialmente digitalizados)
Áudios (parcialmente digitalizados)
Filmagens (pouco digitalizados)
Notas de campo, transcrições, desenhos

Berimbau pintado por Mestre Waldemar, caxixi e bagueta (HRE 436 a-c). Foto: Ulla Paakkunainen

Para além do material do arquivo audiovisual, a coleção inclui artefatos relacionados às religiões brasileiras como a umbanda e o candomblé, objetos relacionados à história e às práticas atuais da capoeira, e uma pequena coleção de artefatos dos povos das primeiras nações amazônicas. A maioria dos objetos e algumas das fotografias podem ser estudados online no FINNA (The Finnish Museum Online).
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A cooperação do Museu com as partes interessadas das coleções

Comunidade, participação, pluralismo, reciprocidade e atualidade são os valores centrais do Museu Helinä Rautavaara. A participação é central em todas as atividades. Para um museu etnográfico, participação também significa consciência das ligações entre as instituições museológicas e o colonialismo e os desequilíbrios de poder. O Museu Helinä Rautavaara envolve ativamente os membros da comunidade criadora – as pessoas que são os verdadeiros detentores das coleções. Elas dão ao Museu uma melhor compreensão dos materiais das suas coleções e da sua relevância no mundo contemporâneo.
A roda do Mestre Joāo Grande no saguão do Centro de Exposições Weegee, 2007. Foto: Katri Hirvonen-Nurmi.
A roda do Mestre Joāo Grande no saguão do Centro de Exposições Weegee, 2007. Foto: Katri Hirvonen-Nurmi.

Nas últimas décadas, o Museu tem acolhido não só pesquisadores da área, mas também vários velhos mestres da capoeira, que o visitaram com os seus seguidores. Estudaram as fotografias de arquivo de Rautavaara, ouviram as gravações de seus programas de rádio, leram as transcrições das suas entrevistas com capoeiristas brasileiros, e assistiram aos seus clipes de filmes documentários. Mestre João Grande, Mestre Cobra Mansa, Mestre Jorge Satélite, Mestre Samara e Mestre Garrincha, entre muitos outros, deram ao Museu explicações, correções, interpretações, e opiniões sobre os materiais e performances nas instalações do Museu.

Roda do Mestre Cobra Mansa na festa de inauguração do Museu Helinä Rautavaara, em 24 de março de 2017. Organizada pela FICA da Finlândia. Também presentes: Contramestre Toca Feliciano, Mestre Garrincha, Mestre Samara e Professor Matthias Röhrig Assunção. Foto: Kristina Tohmo.
Roda do Mestre Cobra Mansa na festa de inauguração do Museu Helinä Rautavaara, em 24 de março de 2017. Organizada pela FICA da Finlândia. Também presentes: Contramestre Toca Feliciano, Mestre Garrincha, Mestre Samara e Professor Matthias Röhrig Assunção. Foto: Kristina Tohmo.

Nas fotos: Roda do Mestre Cobra Mansa na festa de inauguração do Museu Helinä Rautavaara, em 24 de março de 2017. Organizada pela FICA da Finlândia.

Também presentes: Contramestre Toca Feliciano, Mestre Garrincha, Mestre Samara e Professor Matthias Röhrig Assunção.

Esta roda contou com aproximadamente 70 capoeiristas vindos de muito lugares ao redor do mundo. Ao menos da Inglaterra, Brasil, Colômbia, Alemanha, Suécia, Rússia… Foto: Kristina Tohmo.
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Mais materiais vão sendo pouco a pouco digitalizados, o que torna mais fácil apresentá-los aos visitantes e ainda mais fácil estudá-los em bancos de dados da Internet no futuro. Discutir propostas de campos de dados relevantes nos materiais relacionados à capoeira catalogados no Museu, permite seu melhor uso possível por uma comunidade de usuários diversificada. Este material deve permitir traçar a genealogia das diferentes cores, ritmos e composições dos objetos, da música e dos gestos vistos ou ouvidos, visíveis ou audíveis, nas coleções deste museu e de outros museus. Em um certo ponto, no entanto, a voz autoritária dos museus deve se acalmar e um convite para comentários dos praticantes contemporâneos precisa ser ouvido. (Hirvonen-Nurmi 2010)

A equipe do Museu também documenta ativamente as tradições culturais vivas nos vários projetos do museu. Como parte de sua colaboração com participantes de origem brasileira, o Museu acolhe rodas de capoeira nos seus espaços expositivos. Através de uma vasta gama de projetos de colaboração, o museu visa promover o bem-estar, reduzir a exclusão e fomentar a paz na sociedade. O museu visa apoiar a cultura sustentável e construir uma Finlândia culturalmente diversa e um mundo socialmente justo.

O Primeiro Encontro Internacional de Mulheres Capoeiras, organizado pela Federaçāo Finlandesa de Capoeira. Mestra Tate, Mestre Paulāo Ceará e Mestre Jorge Satélite no Museu Helinä Rautavaara 8.11.2022. Foto: Kristina Tohmo
O Primeiro Encontro Internacional de Mulheres Capoeiras, organizado pela Federaçāo Finlandesa de Capoeira. Mestra Tate, Mestre Paulāo Ceará e Mestre Jorge Satélite no Museu Helinä Rautavaara 8.11.2022. Foto: Kristina Tohmo
O Primeiro Encontro Internacional de Mulheres Capoeiras, organizado pela Federaçāo Finlandesa de Capoeira. Mestra Tate, Mestre Paulāo Ceará e Mestre Jorge Satélite no Museu Helinä Rautavaara 8.11.2022. Foto: Kristina Tohmo
O Primeiro Encontro Internacional de Mulheres Capoeiras, organizado pela Federaçāo Finlandesa de Capoeira. Mestra Tate, Mestre Paulāo Ceará e Mestre Jorge Satélite no Museu Helinä Rautavaara 8.11.2022. Foto: Kristina Tohmo

Kristina Tohmo
Mestre em Antropologia Cultural
Produtora do Museu Helinä Rautavaara

Maiores informações e links para nossoas coleções:

Homepage: https://www.helinamuseo.fi/en/

Finna.fi (Finnish Museums Online): https://www.finna.fi/Search/Results?filter%5B0%5D=%7Ebuilding%3A%220%2FHELINAMUSEO%2F%22&dfApplied=1&lookfor=Brasilia&type=AllFields&lng=en-gb

Soundcloud: https://soundcloud.com/helina-rautavaara-museum

Vimeo: https://vimeo.com/215146092

Facebook: https://fi-fi.facebook.com/HelinaRautavaaranmuseo/

Instagram: https://www.instagram.com/helinamuseo/?hl=fi

Fontes:

Hirvonen-Nurmi, Katri & Jansson, Jonina 2012. From object-based to contemporary documentation – How to incorporate fieldwork material in ethnographic museum´s collections and exhibitions. Apresentado em CIDOC 2012 – Enriching Cultural Heritage – conferência, Helsinque, 10-14.6.2012.

Hirvonen-Nurmi, Katri 2010. Multiple levels of information around an event of production. Apresentado em CIDOC 2010, ICOM Conferência Geral de Xangai, China 2010-11-08 – 11-10

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2 comments

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20th novembro 2023 às 6:16 am

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assuncao disse:
27th novembro 2023 às 6:38 pm

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