Capoeira no Rio de Janeiro

O projeto

Cap Cont Trans

A capoeira é documentada no Rio de Janeiro desde o início do século XIX. Desenvolvida por africanos e crioulos escravizados, a capoeira teve sua prática estigmatizada pelas autoridades ainda no Brasil colonial. A formação de maltas e seu envolvimento com os partidos políticos do Império também provocaram uma onda de repressão no início da Primeira República, resultando na quase extinção da capoeira no Rio de Janeiro. A arte sobreviveu melhor em outros estados, em particular no Nordeste. A partir da década de 1930, os estilos Regional e Angola, desenvolvidos na Bahia, foram responsáveis pela modernização da capoeira, chegando ao Sudeste trazidos por migrantes baianos, a partir da década de 1950. 

E foi aqui, no Sudeste, que se desenvolveu então o estilo com mais adeptos atualmente, no Brasil e no mundo, a chamada Capoeira Contemporânea. Essa denominação de uso corrente tem seus problemas, devido à variedade de estilos que poderiam ser considerados como capoeira “contemporânea”, desde a “Angola contemporânea” até a capoeira praticada pelos adeptos do MMA, passando pelos estilos consagrados dos grandes grupos que se originaram no Rio de Janeiro.

Este projeto procura entender melhor a emergência da “Capoeira Contemporânea” no Rio de Janeiro pesquisando e reunindo material de várias fontes: história oral, arquivos e documentos doados. Valorizando a oralidade característica da arte, a equipe do projeto está realizando entrevistas com mestres de capoeira da primeira e segunda gerações, que foram responsáveis pelo desenvolvimento e expansão da capoeira durante os anos 1950-70 no Rio de Janeiro, seja no Centro e na Zona Sul, ou nos subúrbios e nas áreas mais periféricas. O projeto está coletando material em arquivos para complementar esses depoimentos e ainda conta com a ajuda dos mestres, que estão disponibilizando fotos e documentos de seus acervos pessoais. Com a ajuda de alguns mestres de renome que aceitaram ser consultores do projeto , vamos tentar mobilizar a comunidade de capoeiristas para que colaborem na doação ou empréstimo de materiais, como entrevistas antigas e fotografias.

Todo o material será arquivado em formato digital no Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ) e na Universidade de Essex, Inglaterra. Dada a idade avançada dos pioneiros da primeira geração que ainda vivem e a falta de um centro de referência sobre capoeira na atualidade, a proposta é constituir uma base de dados sobre a história da Capoeira Contemporânea no Rio de Janeiro que permita resgatar essa memória e devolvê-la aos praticantes e outros grupos interessados. O objetivo é assim contribuir para a revalorização da capoeira e ressaltar sua contribuição para a cultura da cidade e o desenvolvimento dos estilos responsáveis pela sua globalização.

Os resultados da pesquisa e as contribuições dos consultores serão disponibilizados no website do projeto. Caso queira contribuir com fotos e arquivos audiovisuais dos anos 1948-82, por favor, entre em contato escrevendo para o e-mail capoeirahistory arroba gmail.com.

Esse projeto é patrocinado pelo Arts and Humanities Research Council – AHRC (2018-2020) e administrado pela Universidade de Essex, Reino Unido.