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4th abril 2025 2
Geral, Caribe, Escravidão, Outras lutas

Kokobalé, a arte marcial afro-portorriquenha

Kokobalé, a arte marcial afro-portorriquenha
4th abril 2025 2
Geral, Caribe, Escravidão, Outras lutas

Uma breve história do kokobalé e suas conexões com a capoeira (parte I)

Por Carlos “Xiorro” Padilla Caraballo

Onde houve escravidão teve resistência, luta e aquilombamento. Em Abya Yala1 (América) parte desta manifestação quilombola foram as tradições guerreiras. Estas tradições são parte dos conhecimentos que nossos antepassados trouxeram do continente africano. Alvin O. Thomson, falando destes saberes, nos diz:

Evidentemente, os africanos (que constituíam a imensa maioria das pessoas escravizadas e dos quilombolas), chegaram com um conjunto de pensamentos, ideologias, habilidades etc. Isto formou a base de suas ações, modificadas pelas circunstâncias da escravidão no novo mundo, e pelos novos ambientes físicos e sociais em que foram lançados. Sua notável flexibilidade e adaptabilidade, face ao pesadelo que ameaçava destruí-los, são atributos da sua herança ancestral, não menos importantes que a sua própria engenhosidade e força de vontade.”2

As tradições guerreiras afrodiaspóricas fazem parte deste “conjunto de pensamentos, ideologias, habilidades” que chamamos de saberes ancestrais. Assim como o Brasil preservou a capoeira, a arte marcial afro-brasileira, as artes guerreiras também foram preservadas no Caribe. A mais comum delas é a luta com pau e/ou facão (stickfighting).


1 Abya Yala é um termo indígena da etnia guna (Panamá, Colômbia) que deu nome às terras ancestrais do dito povo. Na II Cimeira Continental dos Povos e Nacionalidades Indígenas, em 1977, este nome foi proposto como um substituto decolonial para os termos coloniais europeus “Novo Mundo” ou “América”. Este nome foi adotado pela maioria das instituições e organizações indígenas em rejeição ao termo América.

2 Alvin Thompson, Huida a la libertad. Fugitivos y cimarrones africanos en el Caribe, (Mexico, DF: Siglo XXI Editores, 2005), 14.

kokobalé
Uma partida violenta entre negros ingleses e franceses na ilha de Dominica. Augustin (Agostino) Brunias (1728-1796)

Em Borikén3 (Porto Rico) a luta com paus se chama kokobalé/cocobalé4. Esta tradição se baseia no conhecimento ancestral africano preservado na bomba. A bomba é a tradição musical de dança afro-boricua (afro-porto-riquenha) mais antiga do nosso arquipélago. No kokobalé, como na capoeira, dois praticantes realizam um “jogo” dentro de uma “roda” formada pelos músicos e demais participantes. Esta tradição faz parte de uma família de tradições irmãs que aparecem na maioria das ilhas do Caribe e em Abya Yala. O antropólogo e arqueólogo Tato Torres nos explica que:

A presença comum de várias danças de combate semelhantes, de origem claramente africana, em todas as Américas, sugere que estas tradições também eram comuns em Porto Rico. O chamado ‘cocobalé’, como todas as outras danças de bomba, provavelmente assumiu uma variedade de formas em toda a ilha. O ‘cocobalé’,de acordo com a literatura disponível e as descrições orais, foi provavelmente uma interpretação porto-riquenha dessa tradição africana, afro-americana e afro-caribenha”5


3 Neste texto usarei Borikén, boricua e afro-boricua em vez de Porto Rico, porto-riquenho e afro-porto-riquenho para honrar os nomes e os povos originários do nosso arquipélago e manter uma lógica decolonial.

4 Cocobalé e Kokobalé são iguais. Mantive o uso de ambas variações para acostumar o leitor.

5 Carlo Tato Torres, “Cocobalé: artes marciales africanas en la bomba”, Revista Güiro y Maraca, Vol. 5, no. 1, 2001, 12-16.

Kokobalé, aprox. anos 1960. Foto de John Alden Mason (1885 – 1967) descoberta por Gerardo Ferrao e Christian Rodríguez.

Na sequência, a recriação da imagem original por IA.

kokobalé
Kokobalé

O kokobalé é uma tradição marcial (guerreira) de origem afro-boricua praticada com bastões ou facões e com o acompanhamento musical da bomba borinquenha (porto-riquenha). Esta tradição inclui elementos de luta, música (percussiva), dança e rituais. Kokobalé é a arte marcial afro-boricua do aquilombamento.6 Para escrever sobre o kokobalé devemos entender um pouco da história de Borikén, para contextualizar a difícil tarefa de historicizar esta tradição.


6 Definição do Projeto Kokobalé.

kokobalé

Colonialismo e as Tradições afro-boricuas

A história oficial de Borikén foi afetada por mais de 500 anos de colonialismo. Ela enfatiza narrativas que são convenientes para a classe dominante, como Chinua Achebe da Nigéria disse: “Enquanto o leão não escrever a sua própria história, os contos de caça sempre glorificarão o caçador”7.

Os livros de história de Porto Rico registram pouco das tradições indígenas e africanas, e o pouco registrado é, em sua maioria, de relatos convenientes para os europeus e a classe dominante. Os livros de história enfatizam uma falsa submissão dos indígenas escravizados (tainos), africanos e crioulos (mestiços), ocultando a longa história de lutas, rebeliões e resistência. Como bem descreve Dr. Pedro Lebrón:

…grande parte da documentação histórica gerada antes do século XX foi produto dos aparatos judiciais e policiais de controle e repressão colonial. Os atos de resistência foram enquadrados de tal forma que as narrativas foram orientadas para a preservação do sistema escravista e da hegemonia branca (Carreras Damas 2006, 39; San Miguel 2004, 57). Em pleno século XXI, em Porto Rico, o branqueamento está sendo promovido como um valor social por meio do “silenciamento, trivialização e simplificação” (Franco Ortiz, Cuadrado Oyola, e Godreau Santiago 2015, 38) da história da escravidão e da resistência à escravidão nas escolas primárias…”8

No final, a história oficial continua a “glorificar o caçador”. Não é uma tarefa simples escrever “a história do leão”, especialmente para escrever sobre uma tradição que foi transmitida oralmente e que existia principalmente em segredo. No entanto, esses esforços estruturais para apagar o espírito guerreiro de nossa consciência coletiva foram apenas parcialmente bem-sucedidos.


7 Jerome Brooks, “Chinua Achebe, the Art of Fiction, no 139”, The Paris Review, 1994, https://www.theparisreview.org/interviews/1720/the-art-of-fiction-no-139-chinua-achebe.

8 P. Lebrón Ortiz, Filosofía del Cimarronaje, (Cabo Rojo, Puerto Rico: Educacipon Emergente, 2020), 50-51.

Rumo a uma história do Kokobalé

1. O kokobalé, a bomba e sua raiz congo-angolana

Assim como a capoeira, o kokobalé e a bomba sofrem uma grande influência congo-angolana. O linguista e historiador Dr. Álvarez Nazario, falando sobre o termo bomba, nos diz:

Etimologicamente, o termo bomba pode ser atribuído a uma forma primitiva afronegroide ngwoma ‘tambor’, da qual surgiram, em línguas e dialetos compartilhados por todos os países da África Bantu (Camarões, Gabão, Congo, Angola, Moçambique etc.), um grande número de variantes…”9

Embora a palavra bomba, como tal, exista no idioma kikongo, entendemos que Alvarez Nazario estava certo ao fazer uma conexão entre nosso tambor bomba e o ngwoma.10 Mais adiante, Álvarez Nazario relaciona o kokobalé a uma dança antiga chamada paracumbé e cita uma “letrilha hispano-portuguesa” que diz:

E daí? Você não me conhece?
O Paracumbé de Angola,…”11

Conectando o kokobalé a uma dança de raiz em Angola. Há evidências suficientes para comprovar a forte influência congo-angolana da bomba, mas, para os fins deste artigo, encerraremos esta seção com a seguinte citação:

A introdução em Porto Rico e em outras possessões espanholas das Índias12 de negros de Angola parece remontar ao início do comércio nessa região da África no século XVI, particularmente o comércio de negros angolanos e congoleses, que foi favorecido pelas várias permissões concedidas aos traficantes…”13


9 Álvarez Nazario, El Elemento Afronegroide en el Español de Puerto Rico, (San Juan, Puerto Rico: Instituto de Cultura de Puertorriqueña, 1974), 291.

10 Muito mais poderia ser escrito sobre esse assunto, mas gostaríamos de manter este artigo breve.

11 Nazario, El Elemento Afronegroide, 311.

12 Nome dado ao continente americano.

13 Nazario, El Elemento Afronegroide, 59.

2. Em tempos de quilombos (e escravidão)

Após a revolução haitiana (1791-1804), o medo de revoltas e conspirações cresceu entre os espanhóis do arquipélago de Borikén. De fato, o governo francês alertou o governo espanhol sobre os planos dos haitianos de ajudar os escravizados das outras ilhas a se libertarem. O historiador Luis M. Díaz Soler diz o seguinte sobre o assunto:

…o governo francês informou ao governo de Madri que havia recebido notícias de que Jean Jacques Desalines havia enviado emissários às colônias europeias no Caribe com o objetivo de organizar uma rebelião geral de escravos para acabar com a escravidão na região antilhana.”14

É importante lembrar que os tambores, os cantos, as danças e os rituais foram fundamentais para a Revolução Haitiana. Este é o melhor exemplo do que os estudiosos chamam de Grande Aquilombamento. Uma revolução de escravizados que com paus e facões lutaram pela sua liberdade e pela liberdade do seu território. Até hoje existem artes marciais com pau e facão no Haiti, um exemplo disso é o tire machèt.

Nas décadas seguintes, o maior medo dos europeus no Caribe era um afrodescendente empunhando um facão. De 1821 a 1826, houve várias conspirações, fugas e revoltas de pessoas escravizadas em Borikén. Isso levou o governador da época, Miguel de la Torre, a escrever um regulamento, chamado de Regulamento de 1826, para regular a vida dos escravizados. O historiador Guillermo Baralt diz:

O principal objetivo do regulamento de 1826 era evitar conspirações e amedrontar o escravo com possíveis punições e outras medidas a serem tomadas contra ele em caso de revolta… Para evitar a possibilidade de uso do facão como arma durante uma revolta, o capítulo V, artigo I, afirma que em todas as fazendas deveria haver um local seguro, com uma boa chave, para guardar os instrumentos de trabalho. Este depósito ficaria a cargo exclusivo do senhor ou mordomo e não poderia ser confiado a nenhum escravo.”15

Este mesmo fenômeno ocorreu em diferentes partes do Caribe e em Abya Yala. Fernández Méndez, falando dos negros da Martinica, nos conta:

Houve uma época em que havia negros na Martinica que, devido a abusos intoleráveis, portavam espadas; mas foi ordenado que fossem removidos, pelas incômodas consequências que isso poderia ter, e eles carregam apenas um bastão nas mãos, como os lacaios.”16


14 Luis M. Diaz Soler, Historia de la esclavitud negra en Puerto Rico, (San Juan, Puerto Rico: La Editorial de la Universidad de Puerto Rico, 1953), 210.

15 Guillermo Baralt, Esclavos Rebeldes, (San Juan, Puerto Rico: Ediciones Huracán, 1982), 29.

16 E. Fernández Méndez, Crónicas de las Poblaciones Negras del Caribe, (San Juan: Editorial Universidad de Puerto Rico, 1969), 119.

kokobalé

Bwa Kayiman, ilustração de Carlos O. Padilla Caraballo ©

É nesse momento histórico e nesse contexto que entendemos que o kokobalé é enfatizado como uma dança ou jogo de bastão, já que o facão havia sido proibido fora da área de trabalho, nas plantações ou nos canaviais, mas a dança da bomba era permitida17. Mais tarde, veremos que, de acordo com a tradição oral preservada na família Cepeda, as varas são um substituto para o facão.

Em minha pesquisa, isto é consistente com o que acontece em outras ilhas e países em tradições irmãs, como tire machèt no Haiti, mayolé em Guadalupe, sticklicking de Barbados, calindá de Trinidad e Nova Orleans, esgrima de facão na Colômbia, etc. O antropólogo e arqueólogo Tato Torres, relacionando os calindá, do Caribe e de Nova Orleans, com o kokobalé nos diz:

Essa dança também era uma luta ou ‘jogo’ ritualizado, acompanhada de tambores. O calindá era uma dança de combate ou guerreira semelhante à capoeira brasileira e à dança que foi identificada em Porto Rico como cocobalé, executada com paus e simulando combate entre grupos adversários. ”18.

A música e as tradições marciais fazem parte dessa herança que serviu de base à defesa e às lutas nas diferentes manifestações de aquilombamento. Em Borikén a bomba desempenhou um papel principal nas lutas pela busca pela liberdade. Isto é confirmado por Baralt em seu livro Esclavos Rebeldes quando declara que “a dança e o tambor criaram um sentimento de coesão na população escrava. Contudo, a dança era apenas um disfarce para encobrir os objetivos subversivos dos escravos.”19.

As danças de guerra remontam aos tempos antigos na África. Seguindo esse conhecimento ancestral, as técnicas das artes da guerra, com armas e sem armas, foram codificadas em movimentos de dança nas danças de bomba, como aconteceu em outras partes do Caribe e em Abya Yala, como no caso da capoeira. O Dr. Noel Allende Goitía parece concordar com esta posição quando define kokobalé da seguinte forma:

O cocobalé é uma prática de dança afro-boricua desenvolvida por guerreiros escravizados. Pode-se especular que foi em resposta às regulamentações codificadas nos Bandos contra a raça negra e nos Bandos da Polícia e do Bom Governo, que puniam negros e mulatos com penas severas pelo porte de armas. O cocobalé é parente das danças de luta com paus, praticadas nas Antilhas Inglesas, Francesas, Holandesas e Dinamarquesas, e da capoeira, no Brasil.” 20.

Anos depois da proibição do facão fora dos canaviais, Juan Prim tornou-se governador. Seguindo a mesma ideia regulatória para evitar revoltas, ele elaborou o Bando Contra a Raça Negra. Dado o uso comum de bastões como armas, o artigo III deste regulamento criminaliza até mesmo ameaças com bastões:

… se um negro insultava com palavras, ou maltratava ou ameaçava com um pedaço de pau… seria condenado a cinco anos de prisão… O senhor tinha poderes (Artigo V) para matar o escravo que se revoltasse em ato semelhante.”21.

O pesquisador José Fernández, refletindo sobre o kokobalé e o aquilombamento, declara que:

Na época da escravidão e durante o aquilombamento, era usado para desenvolver coragem, caráter, força e habilidade para enfrentar o inimigo. Em Porto Rico, sobreviveu como uma dança de bomba.”22.


17 Acredito que as pessoas no passado enfatizassem mais o aspecto da dança no kokobalé.

18 Torres, “Cocobalé”, 13-14.

19 Baralt, Esclavos Rebeldes, 66.

20 Allende Goitía, “Las músicas de las identidades post-puertorriqueñas”, 80 Grados, 2022, https://www.80grados.net/las-musicas-de-las-identidades-post-puertorriquenas/

21 Baralt, Esclavos Rebeldes, 130.

22 Fernández, De Bomba y de Bombeadores, 67.

Fim do primeiro post sobre a história do kokobalé. No próximo, teremos o kokobalé após a abolição, no período folclórico e hoje!

Carlos “Xiorro” Padilla Caraballo, nascido e criado em Borikén (Porto Rico), é praticante de Bomba (tradição afroportoricana) há mais de 20 anos, pesquisador e artesão de tambores de Bomba (Taller Bambulé). Ele é o fundador e diretor do Projeto Kokobalé.

kokobalé

Referências

“As origens da capoeira?”, CapoeiraHistory, 17 outubro 2020. https://capoeirahistory.com/pt-br/as-origens-da-capoeira/.

Baralt, Guillermo. Esclavos Rebeldes. San Juan, Puerto Rico: Ediciones Huracán, 1982.

Brooks, Jerome. “Chinua Achebe. The Art of Fiction, no 139”. The Paris Review (133), Winter 1994. https://www.theparisreview.org/interviews/1720/the-art-of-fiction-no-139-chinua-achebe.

Diaz Soler, Luis M. Historia de la esclavitud negra en Puerto Rico. San Juan, Puerto Rico: La Editorial de la Universidad de Puerto Rico, 1953.

Goitía, Noel Allende. “Las músicas de las identidades post-puertorriqueñas.” 80 Grados Revista Digital,  2022.
https://www.80grados.net/las-musicas-de-las-identidades-post-puertorriquenas/

Méndez, E. Fernández. Crónicas de las Poblaciones Negras del Caribe. San Juan: Editorial Universidad de Puerto Rico, 1969.

Morales, José Fernández. De Bomba y de Bombeadores. San Juan, Puerto Rico: BiblioGraficas, 2021.

Nazario, Álvarez. El Elemento Afronegroide en el Español de Puerto Rico. San Juan, Puerto Rico: Instituto de Cultura de Puertorriqueña, 1974.

Ortiz, P. Lebrón. Filosofía del Cimarronaje. Cabo Rojo, Puerto Rico: Editora Educación Emergente, 2020.

Thompson, Alvin O. Huida a la libertad. Fugitivos y cimarrones africanos en el Caribe. México, D.F., Siglo XXI Editores, 2005.

Torres, Carlos Tato . “Cocobalé”: artes marciales africanas en la bomba”. Revista Güiro y Maraca, Vol. 5, no. 1, 2001.

Artigo anteriorMestre Pastinha: as malícias escritas de um capoeira-autor

2 comments

Leticia disse:
6th abril 2025 às 7:22 pm

A ruptura quilombola é uma forma coletiva de fuga e uma forma de resistência ao sistema escravista.
Como sabemos, os africanos das colônias do Novo Mundo apenas se transformam, com efeito, numa comunidade ao compartilhar uma cultura na medida, bem como na velocidade, nas quais eles mesmos as criaram.
[6/4 13:56] Leticia Vidor de S Reis: Para mim, as tradições guerreiras, refiro-me aqui às lutas/danças de paus, são estruturais (de acordo com Lévi-Strauss). De maneiras distintas são encontradas no kokobalê, na capoeira, na tire machèt, no mayolé e na esgrima de facão entre outras.
Há aqui invariáveis, como a ambiguidade luta/dança e o enfrentamento indireto. Creio que aqui está a maior semelhança entre o kokobalê e a capoeira.
Por sua vez, há também as variáveis, lembrando que as tradições guerreiras são sempre atualizadas e ressignificadas de acordo com o contexto.

Responder
Letícia Vidor disse:
6th abril 2025 às 7:20 pm

A ruptura quilombola é uma forma coletiva de fuga e uma forma de resistência ao sistema escravista.
Como sabemos, os africanos das colônias do Novo Mundo apenas se transformam, com efeito, numa comunidade ao compartilhar uma cultura na medida, bem como na velocidade, nas quais eles mesmos as criaram.
[6/4 13:56] Leticia Vidor de S Reis: Para mim, as tradições guerreiras, refiro-me aqui às lutas/danças de paus, são estruturais (de acordo com Lévi-Strauss).
[6/4 13:56] Leticia Vidor de S Reis: De maneiras distintas são encontradas no kokobalê, na capoeira, na tire machèt, no mayolé e na esgrima de facão entre outras.
Há aqui invariáveis, como a ambiguidade luta/dança e o enfrentamento indireto. Creio que aqui está a maior semelhança entre o kokobalê e a capoeira.
Por sua vez, há também as variáveis, lembrando que as tradições guerreiras são sempre atualizadas e ressignificadas de acordo com o contexto.

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