Por Juliana Pereira & Matthias Röhrig Assunção.
A Lapa Boêmia
O bairro também abrigou o clube carnavalesco dos Democráticos, na rua do Riachuelo, e bailes públicos mais populares que constantemente eram denunciados nos jornais por supostamente reunirem em seus salões maltas de capoeiras e outros vadios para dançar maxixe.
De acordo com Olavo de Barros, a Lapa se tornou “reduto preferido” de artistas, poetas, mendigos, malandros, gigolôs e prostitutas que por ali não só passavam, mas residiam permitindo a convivência de vários atores sociais. Muitos artistas conhecidos em sua época eram associados à Lapa, e alguns deles são ilustres até hoje, como Lima Barreto, Villa-Lobos e João do Rio. Mas essa imagem boêmia da Lapa também é associada ao submundo da malandragem, geralmente representada por personagens negros que ali circulavam. O mais citado deles é João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, que durante anos morou e trabalhou nos arredores da Lapa, quando não estava preso na Ilha Grande.
A partir da década de 1980, a Lapa passou por projetos de modernização e remodelação. Atualmente o bairro concentra um grande número de casas de espetáculo e movimenta a vida noturna carioca.
A roda de capoeira da rua do Lavradio, coordenado pelo Mestre Célio e o grupo Aluandê, busca dar mais visibilidade a essa tradição histórica da malandragem na Lapa.
Referências:
ARAÚJO, Vanessa Jorge. Lapa carioca, uma (re) apropriação do lugar. 2009. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, UFRJ.
GOMES, Renato Cordeiro. O Imaginário da Lapa: Apogeu, Decadência e Reconstrução. 2014. Tese de Doutorado. PUC-Rio.
BARROS, Olavo de. A Lapa do meu tempo (1909-1914). 1968.
MACEDO, Joaquim Manuel de. Os dois amores (1848). São Paulo, 1950.
https://www.brasilianaiconografica.art.br/artigos/20233/arcos-da-lapa-de-aqueduto-a-viaduto
https://www.bn.gov.br/acontece/noticias/2015/09/rio-450-anos-bairros-rio-lapa