No início dos anos 1920, um morador anônimo do morro da Favela – atual morro da Providência – realizou um inusitado assalto em um funeral de gala. A quantidade e a qualidade dos objetos furtados nessa ação lhe renderam um apelido que, em pouco tempo, seria conhecido por toda a cidade do Rio de Janeiro: Sete Coroas. Os seus audaciosos roubos fizeram com que a sua trajetória saísse dos registros policiais e ganhasse destaque na cobertura policial feita pelos jornalistas, nos palcos teatrais e na obra de escritores e compositores de música popular. Após a fama de Sete Coroas ter atingido um nível elevado entre os trabalhadores da capital, a grande imprensa, que tanto contribuíra para tirá-lo do anonimato, passou a promover uma campanha no sentido de desmitificá-lo. Em tal processo, os jornalistas tentaram apagar da imagem do “desviante” o atributo pelo qual se celebrizara: a valentia. Mas um grande sucesso carnavalesco do começo dos anos 1920, que exaltava o seu destemor, voltou com força em meados da mesma década, justamente, no contexto em que os repórteres o tratavam como um mero “ladrão de galinhas”. O significativo é que a canção foi aproveitada pelo teatro de revista, um tipo de espetáculo que possuía um inegável apelo popular.
Rômulo Costa Mattos, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio de Janeiro, pesquisou a história de Sete Coroas e teve a gentileza de disponibilizar seu artigo para o nosso website. Leia aqui a íntegra de A Construção da Memória sobre Sete Coroas, o “criminoso” mais famoso da Primeira República.