CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA
  • Capoeira no RJ
    • O projeto
    • Lugares de Memória
    • Capoeira na sociedade e cultura
    • Rodas
    • Mestres
    • Grupos
    • Malandros da Antiga
  • Raízes Angolanas
    • Sobre o projeto
    • O filme
    • Os Nhaneca-Nkhumbi
    • Notícias
    • Eventos & Exibições
  • Blog
  • Sobre o site
    • Consultores 2025-2027
    • Consultores 2019-2024
    • Colaboraram com conteúdo
  • Links
  • English
  • Português
4th março 2020 2
Geral, Malandros da antiga

Mestre Leopoldina – parte 3

Mestre Leopoldina – parte 3
4th março 2020 2
Geral, Malandros da antiga

Por Nestor Capoeira.

O discípulo

Eu conheci Leopoldina em 1965, aos 18 anos de idade. Ele tinha 31 e, apesar de estar em grande forma, cheio de energia, o corpo magro e musculoso todo talhado, seu rosto parecia o de um homem muito mais velho ‑ o curioso é que os anos passaram e ele continuou com o mesmo rosto e o mesmo corpo.

Eu cursava a Escola de Engenharia da UFRJ, na Ilha do Fundão. Leopoldina ensinava capoeira na Atlética, a parte desportiva dos diretórios estudantis.

Leopoldina era gentil e amistoso com os alunos. Não permitia que um aluno mais velho batesse num iniciante. Carregava os mais interessados para o samba, para o candomblé e a umbanda, para os morros e para os desfiles de carnaval na Avenida Presidente Vargas.

Mestres Nestor Capoeira e Leopoldina

Era, sem tentar sê-lo, um Mestre completo, que iniciava aqueles universitários, eu entre eles, na cultura “popular” brasileira; na filosofia da malandragem alto-astral – “o bom negócio é bom pra todo mundo” (em oposição à chamada Lei de Gérson, “levo a melhor em todas”, dos 171 e golpistas); e num enfoque da mulher e do sexo radicalmente revolucionários ‑ “ninguém pertence a ninguém” ‑, tanto para a moral burguesa como para os enfoques machistas.

Leopoldina achava que só se deve dar aulas de capoeira duas vezes por semana, e aulas de apenas uma hora; o resto seria correr as rodas e jogar.

Seu método de ensino consistia de um breve aquecimento (uma corrida em volta da sala e alguns polichinelos), algumas sequências de golpes e contragolpes para duplas de alunos (similares às que aprendeu com Artur Emídio, por sua vez baseadas nas sequências de mestre Bimba). Ocasionalmente um treino de golpes, com os alunos se aproximando em fila de uma cadeira e dando, um a um, o golpe por cima da cadeira, e, no final da aula, uma roda de 15 a 20 minutos. Suas aulas geralmente tinham de 4 a 8 alunos. Leopoldina nunca teve “sucesso” no que se refere ao número de alunos; tampouco deu aulas por mais de 5 anos no mesmo local.

Na verdade, quando o conheci em 1965, embora fosse conhecido e querido no meio da capoeiragem, Leopoldina não era renomado, como foi Artur Emídio ou, mais tarde, o Grupo Senzala. Sua fama cresceu lentamente com o tempo, nas viagens que fazia constantemente à São Paulo e na amizade que conquistou no hegemônico Grupo Senzala carioca. Principalmente por sua personalidade alto-astral e positiva, alguém que só fazia amigos e evitava as inimizades, e, mais ainda, por suas músicas de capoeira que, ao mesmo tempo que eram inovadoras na letra e principalmente na harmonia, agradavam até aos jogadores mais chegados à tradição.

Aos poucos, sua figura começou a ser associada, e com razão, aos últimos “bons malandros” e ao próprio Zé Pelintra, uma entidade da Umbanda.

Em 2005, com mais de 70 anos de idade, estava em grande forma física, jogando no seu ritmo rápido com 4 ou mais capoeiras jovens, um jogo seguido ao outro, e era um dos mestres mais conhecidos de nosso tempo, junto aos Mestres João Pequeno e João Grande (antigos alunos de mestre Pastinha, de Salvador).

Seus maiores interesses eram as mulheres, a capoeira, o samba, os carrões (que comprava e equipava com muitos cromados e pinturas), as viagens pelo Brasil e exterior (aonde começou a ir por volta de 1990), as festas, as amizades, enfim, as curtições de quem ama e está de bem com a vida.

Veja mais!

O documentário Mestre Leopoldina – O Último Bom Malandro traz a entrevista que Leopoldina concedeu a Nestor Capoeira. Veja aqui a terceira parte:

Artigo anteriorAonde a gente chegou, hein!Próximo artigo O Grupo Senzala e a salvaguarda da capoeira

2 comments

Augusto Chagas disse:
20th agosto 2022 às 6:04 am

Conheci Mestre Leopoldina, no Rio Comprido, RJ, na Av. Paulo de Frontim. Ali ele dava aula para uns 6 a 8 alunos jovens e eu era o bicão da turma com 10 ou 11 anos. Ele me ensinava mesmo de graça para mim. A descrição xe seu carater é perfeita. Marcou a minha infancia e nunca o esqueci. Hoje aos 68 anos, casado a q I ase 50 anos, casal de filhos, 2 netos relembro com prazer aquele curto periodo que convivi com um Malandro que sabia passar bom conselhos para seus alunos. Fica o registro!

Responder
assuncao disse:
1st setembro 2022 às 12:07 am

Obrigado pelo depoimento, Augusto!

Responder

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

  • África (4)
    • Angola (1)
    • Bantu (2)
  • Antropologia (4)
  • Biografia (13)
  • Capoeira no Rio de Janeiro (52)
    • 1ª República (8)
    • Atlântico negro (2)
    • Brasil Império (3)
    • Ditadura (1964-85) (3)
    • Época colonial (2)
    • Era Vargas e Populismo (1930-64) (4)
    • Exibições (1)
    • Grupos (7)
    • Grupos de capoeira (3)
    • Iconografia (1)
    • Literatura (1)
    • Lugares da capoeira (4)
    • Lugares de memória (4)
    • Malandros (3)
    • Malandros da antiga (8)
    • Outros estados (11)
      • Bahia (3)
      • Maranhão (2)
      • Pará (1)
      • Piauí (1)
      • São Paulo (4)
    • Rio de Janeiro (7)
    • Rodas (1)
    • Rodas de capoeira (6)
    • Século XXI (9)
    • Sociedade (2)
    • Sociedade e cultura (4)
    • Textos Clássicos (2)
  • Caribe (3)
  • Escravidão (3)
  • Fake news (1)
  • Geral (66)
  • Globalização (6)
  • Historiografia (8)
  • Índico Negro (1)
  • Mulheres na capoeira (1)
  • Outras lutas (9)
  • Raízes angolanas (2)
    • Benguela (2)
  • Relações étnico raciais (2)

Posts recentes

Kokobalé, a arte marcial afro-portorriquenha4th abril 2025
Mestre Pastinha: as malícias escritas de um capoeira-autor21st fevereiro 2025
As origens do savate, do “chausson” e do boxe francês (1798-1842)4th janeiro 2025
Alunos de Mestre Roque8th dezembro 2024
Fórum Global de Artes Marciais 20241st novembro 2024

Tags

BBC. Capoeira. Ident. Camisa Preta. Malandro. Capoeira. Carnaval. Blocos de embalo. Cacique de Ramos. Bafo da Onça. Capoeira. Primeira República. São Paulo. Capoeira e Política. Maltas. Capoeira crioula e capoeira escrava. Capoeira nas ruas. São Paulo. Maltas. Primeira República. Capoeira no exterior. Profissionalização. Transnacionalização. Capoeira songs. Festival Galo já Cantou. Competition. Rádio Capoeira. Mestre Paulão Kikongo. Mestre Alexandre Batata. Engolo. Neves e Sousa. Câmara Cascudo. Mestre Pastinha. Escola de samba. Mangueira. Mestre Leopoldina. Salgueiro. Viradouro. Grupo de capoeira. Kapoarte. Filhos de Obaluaê. Mestres Mintirinha História Atlântica. Benguela. Angola. África. Escravidão. Tráfico de escravizados. Mariana Candido. Rio de Janeiro. Raízes angolanas da capoeira. Khorvo and Silas. Lapa. Boêmia. Maxixe. Malandragem. Mulher. Empoderamento. Mestra Cigana. Mestra Janja. Música de capoeira. Festival Galo já Cantou. Concurso. Rádio Capoeira. Mestre Paulão Kikongo. Mestre Gegê. Paulão Paulão. Burguês. Mintirinha. Piriquito Prata Preta. Revolta da Vacina. Desterro. Acre. Roda de Capoeira. Central do Brasil. Mestre Mucungê. Roda de Capoeira. Zé Pedro. Bonsucesso. Rua Uranos. Roda do Lavradio. Lapa. Mestre Celio Gomes. Aluandê. GCAP. Sete Coroas. Malandro da antiga. Primeira República.

Dedicated to the history of capoeira.

Our aim is to provide you with reliable information, which is backed up by research and evidence. The massive growth of capoeira worldwide has created an increased need for information on its history and traditions.

Informação de contato

capoeirahistory@gmail.comhttps://capoeirahistory.com/
@ Contemporary Capoeira 2021 - Privacy policy | Terms of use

Bem-vindo

a capoeirahistory.com, um website dedicado à história da capoeira.

Categorias

  • 1ª República
  • África
  • Angola
  • Antropologia
  • Atlântico negro
  • Bahia
  • Bantu
  • Benguela
  • Biografia
  • Brasil Império
  • Capoeira no Rio de Janeiro
  • Caribe
  • Ditadura (1964-85)
  • Época colonial
  • Era Vargas e Populismo (1930-64)
  • Escravidão
  • Exibições
  • Fake news
  • Geral
  • Globalização
  • Grupos
  • Grupos de capoeira
  • Historiografia
  • Iconografia
  • Índico Negro
  • Literatura
  • Lugares da capoeira
  • Lugares de memória
  • Malandros
  • Malandros da antiga
  • Maranhão
  • Mulheres na capoeira
  • Outras lutas
  • Outros estados
  • Pará
  • Piauí
  • Raízes angolanas
  • Relações étnico raciais
  • Rio de Janeiro
  • Rodas
  • Rodas de capoeira
  • São Paulo
  • Século XXI
  • Sociedade
  • Sociedade e cultura
  • Textos Clássicos

capoeirahistory.com