Mestre Djalma Bandeira

Djalma Bandeira Lima nasceu em 1934. Natural de Sergipe, era alfaiate de profissão. Morou boa parte de sua vida no bairro de Olaria, zona norte do Rio de Janeiro.

Geisimara Mattos (março de 2018)

Aprendeu capoeira com seu Mestre Artur Emídio de Oliveira, com quem construiu uma relação profissional e de amizade muito próxima. André Lacé refere-se aos dois como Dom Quixote e Sancho Pança.

Apreciador de lutas, Djalma foi aluno dos Gracie e com eles aprendeu jiu-jitsu em Copacabana. Já o caratê aprendeu na Kobucana, no Largo da Carioca. Além disso, era exímio praticante do Pau Português. Por conta dessa paixão, durante a década de 1950, tentou a carreira de lutador profissional participando de competições, mas sem muito êxito. Em uma dessas lutas, contra Angelito Cruz, Djalma perdeu contra uma chave de pé aplicada pelo seu adversário (Jornal dos Sports, 25 de março de 1956). Segundo um de seus alunos, mestre Vilmar, teria largado as lutas para se dedicar integralmente à capoeira.

A dedicação à capoeira resultou na famosa parceria com Artur Emídio. Os dois passaram a viajar juntos fazendo participação em shows sobre a cultura popular brasileira. A parte de capoeira ficava a cargo dos dois. Apresentando-se no Brasil e no exterior, alguns desses espetáculos produzidos por Abraão Medina e Carlos Machado ficaram famosos no Rio de Janeiro, tais como: “Capital Samba”, “Skindô” e o musical “Arco-Íris”, eventos dos quais participaram grandes nomes da cultura popular carioca como Joãozinho da Gomeia, Ary Barroso e Mestre Paraná (Osvaldo Lisboa dos Santos). Em 1961, Djalma Bandeira e Artur Emídio participaram também da introdução oficial da capoeira na Marinha, através de um curso ministrado por Lamartine Pereira, que contou com aulas da dupla.

Seu estilo era de uma capoeira em pé e objetiva, características adquiridas como lutador. Entretanto, nunca precisou colocar jiu-jitsu ou caratê no seu jogo. Tendo sua jornada marcada pela parceria com Artur Emídio e suas apresentações, Djalma Bandeira foi também um estudioso de artes marciais e seguiu sua trajetória como professor de capoeira. Deu aula para crianças de graça e começou a fazer exibições com seus alunos do Grupo de Capoeira Djalma Bandeira, onde formou excelentes capoeiristas. Muito técnico, exigia dos seus alunos o uso do uniforme e, dessa forma, foi organizando a capoeira em Olaria, mais especificamente no Conjunto Residencial do IAPC, onde o grupo se firmou. Djalma Bandeira também participou do início da regulamentação da prática da capoeira no Rio de Janeiro. Em 1975 foi nomeado assessor de arbitragem da Diretoria de Capoeira da Federação de Pugilismo.

Djalma faleceu em 1988, aos 54 anos de idade. Contudo, apesar da vida curta, Djalma foi uma “grande figura humana, sempre muito sincero e franco, quase rude, bom caráter, bom amigo […] foi um dos melhores mestres de capoeira que o subúrbio do Rio de Janeiro já produziu, numa época onde a melhor capoeira do mundo era jogada, justamente, no subúrbio do Rio. […] Era respeitado e querido em todas as rodas que chegava” (Lacé, 2015).

Fontes:

Jornais da época consultados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Entrevistas dos Mestres Artur Emídio, Genaro e Vilmar ao Projeto Capoeira Contemporânea.

LACÉ, André. Primeiro ensaio Sinhozinho e Rudolf Hermany. In: LACÉ, André. A capoeiragem no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Europa, 2002.

Rio de Janeiro

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