Batizado Oswaldo Lisboa dos Santos, Mestre Paraná nasceu em 1922, em Salvador. Na capoeira, ficou conhecido como um exímio tocador de berimbau, instrumento que ele mesmo construía com apuro.
Juliana Pereira (abril de 2020)
De acordo com os depoimentos de seus antigos alunos foi nas terras baianas que ele aprendeu capoeira com Antônio Corró. Paraná mudou-se para o Rio de Janeiro em 1944, quando tinha apenas 22 anos de idade, sendo, entre os capoeiristas de sua geração, um dos primeiros baianos a chegar e se estabelecer na cidade.
No Rio de Janeiro, conseguiu trabalho no Instituto de Pensões e Assistência aos Servidores do Estado (IPASE). Residiu no bairro de Bonsucesso, zona norte da cidade, e foi lá, nos fundos do quintal de sua casa, que na década de 1950, começou a ensinar capoeira. Mestre Paraná recebia muitas crianças, sendo fundamental o papel de sua companheira Maura Bastos, conhecida como “Tia Maura”, que recebia e acolhia os alunos.
Mestre Paraná dava aulas de capoeira para jovens no famoso quintal de sua casa.
Foto do acervo de Mestre Polaco.
Dentro da capoeira, Paraná ficou conhecido principalmente por ser um exímio tocador de berimbau. Carpinteiro de formação, ele mesmo produzia cuidadosamente seus berimbaus com cordas encapadas e madeira sempre envernizada. Sua reconhecida habilidade como músico levou-o a gravar no ano de 1963, pela gravadora CBS, um compacto chamado Capoeira – Mestre Paraná e ainda a ser chamado para tocar berimbau e atabaque em academias, como a do Mestre Artur Emídio.
Na imagem, Mestre Paraná aparece tocando berimbau no ensaio fotográfico para a capa do disco.
Mestre André Lacé chama atenção para a “pose”, que procura mostrar igualmente o instrumento e o músico, mas contraria a maneira de tocá-lo efetivamente.
Foto do acervo de Mestre Polaco.
De acordo com Mestre Polaco, foi em 1956 que Mestre Paraná fundou o Conjunto Folclórico de Capoeira São Bento Pequeno. O grupo se exibiu em várias modalidades de espetáculos, divulgando a cultura afro-brasileira em “noites baianas” organizadas em clubes sociais, desfiles carnavalescos de blocos e Escolas de Samba e em espetáculos teatrais, como a montagem da peça de Dias Gomes – O Pagador de Promessas, no Rio de Janeiro, em 1962, em companhia do capoeirista Joel Lourenço do Espírito Santo.
Mestre Paraná também teve uma parceria artística com a bailarina Mercedes Baptista, se apresentando com ela em espetáculos e festivais como o IV Festival Folclórico do Distrito Federal.
Foto: M. Paraná numa cena da peça O Pagador de Promessas. Acervo Cedoc Funarte.
Paraná faleceu em 1972, aos 49 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco. Sua habilidade e talento com o berimbau sempre são elogiados pelos mestres que tiveram a oportunidade de conhecê-lo. Sua passagem, mesmo que breve deixou uma herança importante na história da capoeira contemporânea e hoje vários mestres e grupos reivindicam sua herança.
Neste vídeo produzido pelo CapoeiraHistory você pode descobrir mais sobre Paraná e seu berimbau:
Fontes:
- Entrevistas com os Mestres Cabide, Polaco, Genaro e Mintirinha.
- Jornais Hemeroteca Digital da Biblioteca Digital.
- Cedoc Funarte.
