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16th fevereiro 2024 1
Geral, Biografia, Capoeira no Rio de Janeiro, Era Vargas e Populismo (1930-64)

Do Ringue aos Palcos – um filme sobre o Mestre Artur Emídio

Do Ringue aos Palcos – um filme sobre o Mestre Artur Emídio
16th fevereiro 2024 1
Geral, Biografia, Capoeira no Rio de Janeiro, Era Vargas e Populismo (1930-64)

Mestre Artur Emídio levou a capoeira aos ringues. Também se aventurou nos palcos e telas, além de divulgar a capoeira em jornais e revistas de circulação nacional.

Por Roberto Pereira.

No início dos anos 1950, o jovem Artur Emídio de Oliveira (1930 – 2011) deixou a pequena cidade de Itabuna, no interior da Bahia, para conquistar o mundo. Segundo ele próprio, seu objetivo era mostrar o “valor da luta nacional”, a capoeira. Aluno de Paizinho (Teodoro Ramos), além de Itabuna, Artur Emídio desafiou lutadores e subiu nos ringues em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.

Devido a sua excepcional habilidade, conseguiu um duelo com Robson Gracie, em uma época em que a família já dominava os ringues. Vencido, pediu revanche, mas não teve seu apelo considerado. Continuou com as lutas em uma trajetória de vitórias e derrotas. Chegou a ser anunciado em jornais do eixo Rio-São Paulo como o maior capoeira do Brasil, “o rei da capoeira”.

Todavia, o protagonismo deste eminente capoeira baiano não se restringiu aos combates. Além dos ringues, Artur Emídio se aventurou nos palcos. Naqueles anos 1950, artistas negros e negras definitivamente conquistaram os tablados. O Mestre Artur Emídio fez parte de uma geração que levou aos jornais, teatros, cinema, rádio e televisão práticas negras à época muito discriminadas, como a capoeira, samba, candomblé, maracatu, frevo, e as apresentou como “genuinamente brasileiras”.

Foi o período em que grandes companhias teatrais e grupos folclóricos emergiram, como o pioneiro grupo Brasiliana, de Haroldo Costa e Miécio Askanasy, o Balé Folclórico Mercedes Batista e o Teatro Popular Brasileiro, de Solano Trindade, dentre outros.

Essas companhias, com elenco e direção eminentemente negros, adaptaram para os palcos e as telas estas práticas à época restritas aos terreiros e às ruas -, dando-lhes visibilidade, agregando-lhes valor e chamando a atenção para a sua importância. O agenciamento desses grupos e seus espetáculos foi fundamental para a transformação da imagem dessas manifestações de um status de étnicas e locais a práticas vistas como nacionais e brasileiras.

Mestre Artur Emídio ringues Master Artur Emídio ring
Mestres Silas (pandeiro), Djalma Bandeira (reco-reco) e Artur Emídio (berimbau). Foto do acervo Mestre Genaro.

Mestre Artur Emídio estava entre esses pioneiros. Incansavelmente, divulgou a capoeira em jornais e revistas de circulação nacional, sempre denunciando a falta de apoio do Estado brasileiro e reivindicando o seu incentivo. Estrelou com seus alunos no cinema e esteve nos estúdios de TV divulgando a capoeira logo após a chegada da televisão ao Brasil. Abriu escolas e difundiu a capoeira no Rio de Janeiro, então capital do país. Com diversos grupos e espetáculos teatrais, abriu as portas do mundo à prática negra, exibindo pioneiramente a capoeira em países como os Estados Unidos, França, Uruguai e Argentina. Contribuiu de forma incomensurável para divulgar a luta nacional brasileira e transformá-la em um símbolo da identidade do nosso país.

Mestre Artur Emídio ringues Master Artur Emídio ring

Artur Emídio em apresentação na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, Rio de Janeiro, em 1961. Foto do acervo André Lacé.

Esse pequeno documentário a seu respeito não deixa de ser um primeiro e modesto tributo a este grande mestre da capoeiragem. Trata-se, na verdade, de mais um instrumento para tornar a trajetória desse velho capoeira baiano um pouco mais conhecida pelo grande público.

Iniciamos gravações em 2018 de forma completamente independente e concluímos em 2023, quando conseguimos um pequeno recurso para sua finalização. O filme foi feito a partir de pesquisa histórica, com uso de imagens de arquivo e de algumas poucas entrevistas que conseguimos realizar quando ainda estávamos no Rio de Janeiro.

À época conseguimos colher o depoimento de dois grandes guardiões da história da capoeira carioca, Mestre Genaro (1934 – 2022) e Mestre Polaco (1949 – 2021) e do estudioso da capoeira no Rio de Janeiro, Matthias Röhrig Assunção. Para nossa tristeza, não obtivemos recurso a tempo de finalizar o documentário antes da partida dos velhos mestres Genaro e Polaco.

Apesar de tentarmos, infelizmente, não conseguimos obter o depoimento de outros alunos e pessoas mais próximas do Mestre Artur Emídio, o que é uma lacuna visível. Por outro lado, isso significa que há um vasto material humano a ser explorado em outros documentários de outros diretores e diretoras.

Que venham outros curtas, longas, séries!

E um grande viva ao Mestre Artur Emídio de Oliveira!

Aproveite para assistir o documentário sobre o Mestre Artur Emídio:

Ficha técnica:
Direção: Roberto Pereira e Ricardo Pereira
Pesquisa e Roteiro: Roberto Pereira
Direção de fotografia: Paulo do Vale
Montagem e finalização: Marcelo Souza
Produção: Coletivo Volta do Mundo e Ina Ilha
Som direto: Inaldo Aguiar
Trilha: Paulinho Akomabu

Elenco:
Mestre Luís Senzala
Mestre Cabeleira
Instrutor Izalberto Diniz
Instrutor Flávio Oliveira
Pensativo do Pandeiro
Luppretinha Barros

Roberto Pereira é diretor de Cinema pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro (RJ) e Doutor em História Comparada pela UFRJ. É autor de Rodas Negras – capoeira, samba, teatro e identidade nacional (Perspectiva, 2023). Dirigiu e roteirizou filmes exibidos em festivais de cinema e eventos estaduais, nacionais e internacionais. Foi Visiting Fellow no Departamento de História da Universidade Harvard.

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1 comments

Fernando Antonio Almeida FERREIRA disse:
16th fevereiro 2024 às 10:43 pm

Parabéns !
Muito bom ter essa história preservada aqui . Pois * o mundo tem memória fraca.
E foi com muita luta de guerreiros como Mestre Arthur,Genaro,Polaco e outros que não estão mais conosco ,que lutaram pra que hoje a capoeira esteja em lugares altos. Mas que muito precisa ser feito.
E a primeira delas ,é que alguns que estão em lugares de autoridade e decisão deixem de usar a capoeira e retirem as “correntes” pra que ela possa ser livre com seus valores e saberes orais e ancestrais ,pra circular nas escolas ,academias e espaços de arte e cultura como um símbolo de resistência e d valor pra nação .E não mais um símbolo de preconceito, rejeição e apagamento .

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