Jogos de Combate

Jogo Lines

Armas tradicionais

A maioria das armas tradicionais (paus, machados, lanças e porrinhos) é usada para pastorear o gado ou protegê-lo de animais predadores e gatunos.

Assim, o jogo de pau é frequentemente praticado durante o pastoreio, como demonstrado no filme por Vakussunga e Lito.

Jogos de combate muitas vezes aconteciam no curral e as cantigas que os acompanhavam se referem ao gado ou a animais silvestres.

Kambangula e ondjumbo

O filme documenta a luta de mãos abertas, kambangula (também chamada de m’bangula ou khandeka).

Kambandula ainda é muito praticado no sul de Angola, não somente pelos nhaneca, mas também por povos vizinhos como os cuanhama e os ovimbundo.

Adolescentes e homens jovens jogam kambangula em diversas ocasiões. No passado também foi muito usado em brigas. Numa variante (ondjumbo), os lutadores tentam derrubar o adversário.

NN_Armas_Kambangula
Kambangula. Agosinho Tchiputo e BAlthazar João Tchatoka (Humpata, 2010)

Engolo

A prática de Engolo tem sido muito mais restrita geograficamente, pelo menos na memória recente. Até onde o projeto pôde verificar, sua prática foi limitada ao subgrupo Nkhumbi dos Nyaneka, a ponto de constituir um marcador de sua identidade étnica. Além disso, não é realizada regularmente desde a década de 1970. Portanto, várias de suas técnicas anteriores, embora documentadas por Neves e Sousa, não são mais utilizadas e muitas das letras que a acompanharam não são mais lembradas.

O filme apresenta uma seleção das entrevistas com praticantes experientes, através das quais o projeto de pesquisa visa documentar o desempenho atual, mas também para resgatar a memória do jogo. Esses especialistas esclarecem que o engolo era praticado em diversos contextos, desde a prática cotidiana no curral até celebrações como efiko ou o retorno do gado das pastagens de inverno (sambos). A longa guerra civil, incluindo a ocupação militar sul-africana de grandes partes do sul de Angola, bem como a modernização em curso, contribuíram para o declínio gradual do engolo e de outras práticas folclóricas. O projeto apoia uma rede de profissionais que visam resgatar engolo do esquecimento. Desde 2010, alguns jovens começaram a aprendê-lo, como pode ser visto na cena final do filme.